sábado, 30 de março de 2013


O Diálogo nas Organizações Contemporâneas

São inúmeros os processos comunicacionais que se desenvolvem nos ambientes organizacionais. A perspectiva processual enfatiza o uso das representações na pratica e a consequente constituição comunicativa de tal conhecimento (TSOUKAS, 2011, p. xvii). O diálogo tem efeitos constitutivos porque, por meio dele, os indivíduos constroem ou criam realidades sociais. Assim, nas organizações, os indivíduos se engajam em práticas sociais, negociando significados e construindo o mundo, ao mesmo tempo em que também são construídos por eles. Humanos criam conhecimento por meio das praticas sociais as quais variam de acordo com o contexto sócio histórico. A abordagem teórica que se depreende é a do diálogo visto como uma forma de prática social.  

O diálogo é um processo de interação que oportuniza a possibilidade de influenciar o curso dos acontecimentos (Shotter, 2006, apud Brundin et al., 2008). Entender o diálogo como uma prática social nas organizações nos leva ao questionamento: o diálogo é um processo que facilita ou dificulta a construção do conhecimento nas organizações? Gorz (2005) sugere a criação de formas de saber – não substituíveis e não formalizáveis – reconstruídos nos diferentes discursos que permeiam os espaços organizacionais. “O saber da experiência, o discernimento, a capacidade de coordenação, de auto-organização e de comunicação /.../ formas de um saber vivo, adquirido no transito do cotidiano (GORZ, 2005, p. 9). 
É na convivência humana que o discurso se revela. As organizações são construções discursivas porque o discurso é a real fundação sobre a qual a vida organizacional é construída (FAIRHURST & PUTNAM, 2010). Taylor (2004) sugere que a atitude em comunicação se dá como um fenômeno discursivo, o que torna primordial olhar nas propriedades de linguagem que são trazidas no jogo de tal comunicação, sendo três fatores fundamentais nesse processo: contexto, interação e a habilidade das pessoas, o que envolve interação verbal para o desempenho das pessoas nos ambientes organizacionais.

O diálogo é referenciado como uma propriedade formal da “fala espontânea” e que por meio dele as pessoas se organizam (TAYLOR e ROBICHAUD, 2004, p. 399). “Tomar as práticas discursivas enquanto “interações comunicativas” significa enfatizar a presença dos sujeitos interlocutores e tomar as interfaces discursivas como momentos de negociação” (FRANÇA, 2005, p. 95) para a criação do conhecimento. O diálogo legitimiza a experiência de cada pessoa a partir da conexão com outras para determinar o que conta como conhecimento (Marchiori, 2008, p. 200). Enfim, entende-se que o diálogo tem na sua essência a busca da verdade, o cultivar o “não saber” e o vir a conhecer em relacionamentos (SOCRATES, apud LEAHY, 2001). 

Resumo: O diálogo é essencial pois é através da negociação que a organização se mantém em movimento, o mesmo pode influenciar o rumo dos acontecimentos.


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